Aprendemos que o homem é um animal racional e adquirimos a partir daí a crença de que o ser humano conduz sua vida através da razão. Mas será mesmo? Fosse assim, não seria natural que agíssemos sempre de maneira adequada, lógica e impecável diante das circunstâncias da vida?

A verdade é que somos principalmente movidos por nossas emoções e estas nos conduzem a atitudes e comportamentos que, às vezes, ao invés de nos favorecer, acabam nos prejudicando.

Não é raro até nos comportarmos de maneira oposta à qual gostaríamos, como travarmos devido à insegurança diante de uma questão que poderia ser resolvida com facilidade ou explodirmos de raiva diante de um acontecimento pequeno.

Isso acontece porque ao longo da vida acumulamos inúmeras situações não resolvidas de raiva, tristeza, medo, mágoa, culpa, etc. Embora desconfortáveis estas chamadas emoções negativas são naturais e fazem parte da vida, elas possuem a função de avisar quando algo de ruim está acontecendo no ambiente para que possamos lidar com aquilo. Quando resolvemos a situação, aquela emoção apresentada pode então cessar.

Quando situações emocionadas não são resolvidas, ou seja, quando não encontramos um jeito de solucionar o problema, aquele conteúdo emocional fica registrado no inconsciente e na musculatura em forma de tensões.

São estes registros que acabam fazendo com que tenhamos respostas emocionais de intensidades desproporcionais aos fatos. Reagimos de maneira exagerada em circunstâncias onde é esperada uma reação emocional mais amena.

É o caso de alguém que diante de uma situação pequena como um olhar feio, acaba sentindo uma emoção desproporcional como gelar de medo ou ferver de raiva, ou ficar triste sentindo-se rejeitado. Estes são sintomas de acúmulos emocionais não resolvidos e a maioria das pessoas os têm.

Estes acúmulos acontecem desde a infância, aliás os registros que mais determinam nossas bases emocionais são justamente os daquela época. Algumas pessoas têm registros mais fortes de medo e se tornam inseguras ou medrosas ou ansiosas, outras têm registros mais fortes de tristeza e se tornam depressivas, outras de raiva e se tornam explosivas, outras de mágoa ou culpa e assim por diante.

O que mantém estes registros atuando é justamente o fato de eles terem ficado sem resolução. A emoção fica então presa, armazenada, transbordando e minando nossas energias, muitas vezes afetando nossa saúde física e a qualidade dos nossos relacionamentos. Estes registros do passado só permanecem atuando até que sejam resolvidos. Feito isso, a carga emocional negativa vai embora surgindo alívio e equilíbrio.

Essa reorganização emocional é saudável e imensamente possibilitadora para a vida como um todo. É realizada com a elaboração dos fatos passados, ou seja, através de profunda aceitação, compreensão e aprendizado. Estes três recursos podem fazer com que uma situação passada se resolva e a emoção possa finalmente cessar e deixar de influenciar seu comportamento.